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Sophia para presidente


Foto: CiNapoli2018

Cenário: Avenida Paulista, quinta-feira chuvosa, 17 dias antes do segundo turno da eleição presidencial bipolar de 2018. Uma jovem de 20 e poucos anos me aborda e começa a me metralhar com perguntas em série: você sabia que num futuro próximo uma quantidade imensa de postos de trabalho irá desaparecer? E que esses postos serão ocupados por robôs? Você acredita que os presidenciáveis estão preocupados com essa questão?


Aproveitando o microssegundo de espaço para resposta que ela me concedeu, respondi um "você tá de brincadeira .... claro que não!", que aposto que ela não ouviu, pois estava nitidamente pensando na próxima pergunta que me faria: "Você votaria num robô para Presidente?".


Foi aí que a robô Sophia apareceu, de faixa presidencial e tudo, fazendo movimentos desajeitados com a cabeça e braços, bem típicos dos robôs de filmes antigos de ficção científica. Descobri tratar-se de uma ação para divulgar o IT Fórum X 2018, um dos grandes eventos de tecnologia da informação que aconteceria em alguns dias em São Paulo.


A Sophia é uma humanóide – robô com aparência humana – e foi desenvolvida em 2015 com a mais avançada tecnologia de inteligência artificial pelo roboticista David Hanson, fundador da Hanson Robotics, empresa sediada em Hong Kong. Ela é capacitada, ops, configurada para conversar, mostrar emoção por meio de mais 60 expressões faciais diferentes e de aprender com as interações humanas para ficar cada vez mais inteligente.


Nos seus 3 anos de ‘vida’, a Sophia já passou por experiências senão inatingíveis pelo menos muito distantes para a maioria de nós mortais, como discursar na ONU, ter um encontro com Will Smith nas Ilhas Cayman, ser capa de revista de moda e bater um papo com o Cristiano Ronaldo. Tudo marketing, óbvio.


A Sophia da Paulista era uma humana mesmo, de carne e osso, travestida de humanóide, já que a Sophia do Dr. Hanson ainda é incapaz de dar uma simples voltinha na rua e só consegue circular pelo mundo dentro de uma maleta carregada pelo seu criador.


Ufa, ainda há esperança de que robôs inteligentes não consigam dominar o mundo nem destruir a humanidade? Acredito que mesmo que essa potencial ameaça seja recorrente nos filmes de ficção (que quase sempre mostram um futuro sombrio com seres humanos privados de liberdade e dominados pela máquina), nada indica que essa profecia irá se concretizar.


O fato é que a inteligência artificial já faz parte do nosso cotidiano, mesmo não tendo cara de androide. Exemplos: rotas sugeridas pelo GPS, reconhecimento facial e de voz em smartphones, recomendações sobre filmes ou músicas baseadas no nosso perfil e histórico (ok, às vezes elas são absurdas!), e-mail que ‘advinha’ o que pode ser spam, chatbots de atendimento ao cliente. Isso pra ficar no básico, pois há muito tempo ela está no coração de muitos segmentos como segurança, saúde e financeira, nos beneficiando de forma transparente e imprescindível.


Voltando à pergunta sobre votar em um robô para presidente, a minha resposta é não. Mas bem que eu gostaria que o futuro presidente conseguisse realizar o que a Sophia afirma ser um dos seus propósitos: contribuir para um mundo melhor por meio da inovação e da colaboração.

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